outubro 16, 2025


Top 5 erros que fazem pessoas perderem a indenização

Top 5 erros que fazem pessoas perderem a indenização

Você paga seu seguro religiosamente todos os meses. Seja o seguro do carro, da casa, de vida ou de saúde, essa despesa é vista como um investimento na sua tranquilidade. É a certeza de que, no momento de um imprevisto, uma rede de segurança financeira estará lá para amparar você e sua família. Mas, o que acontece quando o pior ocorre, você aciona a seguradora e recebe a notícia que ninguém quer ouvir: “Sua indenização foi negada”?

O sentimento é de frustração, raiva e, muitas vezes, de impotência. Infelizmente, essa situação é mais comum do que se imagina. Na grande maioria dos casos, a negativa não ocorre por má vontade da seguradora, mas sim por erros, omissões ou desconhecimento por parte do próprio segurado durante a contratação ou o processo de aviso de sinistro.

O seguro é um contrato, um acordo formal com regras, direitos e deveres para ambas as partes. Conhecer essas regras é o que separa um processo de indenização tranquilo de uma enorme dor de cabeça.

Neste guia completo, vamos desvendar os 5 erros mais comuns que levam à perda do direito à indenização. Mais do que apenas apontar os problemas, vamos oferecer um passo a passo detalhado sobre como evitar cada um deles, garantindo que sua apólice cumpra o seu papel quando você mais precisar.

Erro #1: Omitir Informações ou Agir de Má-Fé na Contratação

Erro #1: Omitir Informações ou Agir de Má-Fé na Contratação

Este é, sem dúvida, o erro mais grave e o principal motivo para negativas de seguro. No jargão jurídico, é chamado de “perda do direito por declarações inexatas ou omissão de circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou no valor do prêmio”. Em bom português: mentir ou esconder informações importantes da seguradora na hora de fechar o contrato.

Como funciona: Quando você contrata um seguro, a seguradora faz uma série de perguntas para avaliar o seu perfil de risco. Com base nas suas respostas, ela decide se aceita ou não o seu risco e, principalmente, calcula o valor que você pagará pelo seguro (o prêmio). Se você fornecer informações falsas para tentar pagar mais barato, estará quebrando a base de confiança do contrato. Caso um sinistro ocorra e a seguradora descubra a verdade, ela tem o direito legal de negar a indenização.

Exemplos Práticos do Dia a Dia:

  • Seguro de Automóvel: Você informa que o carro “dorme” em garagem fechada, quando na verdade ele fica na rua. Ou diz que é o único condutor, mas seu filho de 18 anos, recém-habilitado, usa o carro regularmente. Se o carro for roubado na rua ou seu filho sofrer um acidente, a seguradora pode investigar e, ao constatar a informação falsa, negar o pagamento.
  • Seguro de Vida: Você omite que é fumante ou que possui uma doença preexistente, como diabetes ou hipertensão, no questionário de saúde. Caso venha a falecer em decorrência de um problema ligado a essa condição, a seguradora pode negar a indenização aos seus beneficiários.
  • Seguro Residencial: Você declara que a casa possui grades em todas as janelas e alarme monitorado para obter um desconto, mas na realidade não tem esses itens de segurança. Se a casa for furtada, a negativa é praticamente certa.

Por que isso leva à negativa?

A seguradora calculou o preço com base em um risco que não era real. Ao omitir ou mentir, você a induziu ao erro. O Código Civil Brasileiro (Art. 766) é muito claro ao afirmar que o segurado perderá o direito à garantia se, de má-fé, fizer declarações inexatas ou omitir informações relevantes.

Como Evitar Este Erro:

  • Transparência Absoluta: Seja 100% honesto ao preencher a proposta. Responda a todas as perguntas com a mais pura verdade, mesmo que isso signifique pagar um pouco mais caro. Lembre-se: é melhor pagar um prêmio justo por um seguro que funciona, do que um prêmio barato por uma proteção que não existe na prática.
  • Revise a Proposta: Antes de assinar, leia tudo o que o corretor preencheu. Verifique se todas as informações estão corretas e refletem a sua realidade.
  • Mantenha os Dados Atualizados: Se algo mudar durante a vigência da apólice (você se mudou, instalou ou retirou itens de segurança, outro motorista começou a usar seu carro), comunique imediatamente seu corretor e a seguradora. Isso se chama endosso, e é o procedimento correto para ajustar o contrato.

Erro #2: Não Ler a Apólice e Desconhecer as Coberturas e Exclusões

Você recebeu aquele livreto de dezenas de páginas da seguradora e o guardou na gaveta sem nunca abrir? Você pode estar cometendo o segundo erro mais comum. A apólice é o manual de instruções do seu seguro. Ignorá-la é como tentar montar um móvel complexo sem ler o guia: as chances de algo dar errado são enormes.

Muitas pessoas acionam o seguro para eventos que simplesmente não estão cobertos, gerando frustração e a sensação de que foram enganadas, quando, na verdade, a informação sempre esteve disponível.

O que você PRECISA procurar na sua apólice:

  • Coberturas Básicas: O que o seu seguro essencialmente cobre. Por exemplo, em um seguro de carro, a cobertura básica pode ser apenas para roubo e furto.
  • Coberturas Adicionais: Tudo o que você contratou à parte: proteção para vidros, carro reserva, danos a terceiros, etc.
  • Riscos Excluídos (A Cláusula Mais Importante!): Esta seção detalha TUDO o que o seguro NÃO cobre. É uma leitura obrigatória. Em seguros residenciais, por exemplo, é comum que danos causados por vícios de construção ou falta de manutenção não sejam cobertos. Em seguros de carro, dirigir embriagado é uma exclusão universal.
  • Franquia: É a sua parte de participação no prejuízo. Se a franquia do seu carro é de R$ 2.000 e o conserto ficou em R$ 7.000, você paga os R$ 2.000 e a seguradora paga os R$ 5.000 restantes. Se o conserto for de R$ 1.800, o seguro não será acionado. Entender a franquia evita surpresas.
  • Obrigações do Segurado em Caso de Sinistro: A apólice detalha o que você deve fazer quando o problema acontece (avisar a seguradora, fazer o Boletim de Ocorrência, etc.).

Como Evitar Este Erro:

  • Dedique Tempo à Leitura: Assim que receber a apólice, separe uma hora do seu dia para lê-la com calma. Marque os pontos que geram dúvida.
  • Peça Ajuda ao seu Corretor: O corretor de seguros é o seu consultor. A função dele não termina na venda. Ligue para ele e peça que explique, ponto a ponto, as cláusulas mais importantes. Pergunte especificamente: “O que exatamente não está coberto aqui?”.
  • Crie um Resumo: Faça um resumo de uma página com as informações mais importantes: telefones de contato, coberturas principais, valor da franquia e os 3 principais riscos excluídos. Deixe este resumo em um local de fácil acesso.

Erro #3: Perder os Prazos: do Pagamento do Prêmio ao Aviso de Sinistro

Erro #3: Perder os Prazos: do Pagamento do Prêmio ao Aviso de Sinistro

O contrato de seguro é regido por prazos rígidos. Perdê-los pode significar a suspensão ou o cancelamento da sua cobertura, deixando você totalmente desprotegido no momento em que mais precisa.

Os Dois Prazos Mais Críticos:

  1. Pagamento do Prêmio: Atrasar o pagamento da parcela do seguro é perigosíssimo. A maioria das apólices prevê um período de tolerância, mas após esse prazo, a cobertura é suspensa. Se o sinistro ocorrer enquanto você estiver inadimplente, a seguradora não terá obrigação de pagar a indenização. Se o atraso for prolongado, a apólice pode ser cancelada unilateralmente.
  2. Aviso de Sinistro: A lei e os contratos estabelecem que, assim que tiver conhecimento do sinistro, o segurado deve comunicá-lo à seguradora. Deixar para avisar semanas ou meses depois pode ser interpretado como um agravamento do risco ou prejuízo para a seguradora (que perdeu a chance de investigar o ocorrido em tempo hábil) e pode levar à negativa. Para roubo e furto de veículo, por exemplo, a comunicação deve ser imediata.

Como Evitar Este Erro:

  • Automatize os Pagamentos: A forma mais segura de não atrasar o prêmio é colocar o pagamento em débito automático na sua conta corrente ou no cartão de crédito.
  • Crie Alertas: Se prefere pagar por boleto, coloque lembretes no calendário do seu celular alguns dias antes do vencimento.
  • Aja Rápido no Sinistro: Aconteceu o imprevisto? Sua primeira providência, após garantir a segurança de todos, é contatar a seguradora. Tenha os números de telefone da assistência 24h e do aviso de sinistro salvos no seu celular e em um local seguro.

Erro #4: Não Documentar o Sinistro Corretamente

Quando um sinistro acontece, a adrenalina e o estresse podem tomar conta. No entanto, é nesse momento que a calma e a atenção aos detalhes são cruciais. A seguradora precisa de provas e documentos para analisar o seu caso e liberar a indenização. A falta de documentação adequada é um prato cheio para atrasos e negativas.

Imagine uma batida de carro. Se você não tirar fotos, não pegar os dados do outro motorista e não registrar um Boletim de Ocorrência, como a seguradora poderá avaliar quem estava certo ou errado e a extensão dos danos?

O que Fazer para Documentar um Sinistro:

  • Fotografe e Filme TUDO: Hoje, todos temos um celular no bolso. Use-o!
    • Acidentes de Trânsito: Fotografe os danos nos veículos, a posição deles na via, as placas, a sinalização local e qualquer outro detalhe relevante.
    • Problemas Residenciais (Infiltração, Incêndio): Documente a origem do problema e todos os bens que foram danificados antes de começar a limpar ou consertar.
    • Furto ou Roubo: Fotografe os sinais de arrombamento (portas, janelas, fechaduras).
  • Faça o Boletim de Ocorrência (B.O.): Para qualquer situação envolvendo roubo, furto, acidentes com vítimas ou danos a terceiros, o B.O. é um documento indispensável e exigido por todas as seguradoras. Ele pode ser feito online na maioria dos estados para casos mais simples.
  • Arrole Testemunhas: Se houver testemunhas do ocorrido (um acidente, por exemplo), anote o nome e o telefone delas. Elas podem ser importantes na apuração dos fatos.
  • Guarde Todos os Recibos: Se teve alguma despesa emergencial relacionada ao sinistro (guincho, chaveiro, compra de medicamentos), guarde todas as notas fiscais e recibos para solicitar o reembolso, se houver cobertura para isso.

Erro #5: Fazer Acordos ou Reparar Danos Sem a Autorização da Seguradora

Na ânsia de resolver o problema rapidamente, muitas pessoas cometem um erro fatal: autorizam consertos ou fazem acordos com terceiros antes de a seguradora dar o seu aval.

Por que isso é um problema? A seguradora tem o direito de periciar os danos. Ela precisa enviar um perito para avaliar a extensão do estrago, verificar se ele corresponde ao que foi relatado e orçar o conserto em oficinas referenciadas. Se você consertar o bem antes dessa vistoria, estará destruindo a “cena do crime”, e a seguradora não terá como saber o que de fato aconteceu, levando à perda do direito à indenização.

Da mesma forma, em um acidente de trânsito, nunca assuma a culpa ou prometa pagar pelo conserto do outro veículo. Deixe que as seguradoras conversem e apurem as responsabilidades. Ao fazer um acordo por conta própria, você pode invalidar a cobertura de danos a terceiros da sua apólice.

Como Evitar Este Erro:

  • Primeiro a Seguradora, Depois o Conserto: A regra é clara. Após o sinistro, o primeiro passo é comunicar a seguradora. Aguarde as instruções dela sobre para qual oficina levar o veículo ou qual prestador de serviço contatar para o reparo residencial. Não autorize NADA sem a guia de liberação da companhia.
  • Não Admita Culpa: Em um acidente, troque informações com o outro motorista (nome, telefone, dados do seguro), registre o B.O. e informe o ocorrido à sua seguradora. Não faça acordos verbais ou por escrito. A apuração da culpa é um processo técnico que será feito pelas seguradoras.
  • Use a Rede Referenciada: As seguradoras possuem uma rede de oficinas e prestadores de serviço credenciados. Utilizá-los geralmente agiliza o processo e oferece garantia sobre o serviço, facilitando todo o fluxo de aprovação e pagamento.

Meu Seguro Foi Negado: E Agora? O Que Fazer?

Meu Seguro Foi Negado: E Agora? O Que Fazer?

Mesmo tomando todos os cuidados, pode ser que você se depare com uma negativa que considera injusta. Não se desespere. Existe um caminho a ser seguido:

  1. Solicite a Negativa por Escrito: A seguradora é obrigada a formalizar o motivo da recusa por escrito, de forma clara e fundamentada na sua apólice.
  2. Conteste na Própria Seguradora: Com o documento em mãos, entre em contato com o SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) e, se não resolver, com a Ouvidoria da empresa. A Ouvidoria é uma instância superior que pode reavaliar o seu caso.
  3. Reclame nos Órgãos Reguladores: Se a negativa persistir, você pode registrar uma reclamação na SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), que é o órgão que fiscaliza o setor, e também em órgãos de defesa do consumidor, como o Procon.
  4. Busque a Justiça: Como último recurso, você pode contratar um advogado especializado em direito do consumidor e securitário para entrar com uma ação judicial e buscar seus direitos.

Informação é a Melhor Proteção

O seguro é uma das ferramentas mais inteligentes de proteção financeira disponíveis. No entanto, ele não é um bilhete de loteria, e sim um contrato bilateral. O segredo para garantir que ele funcione quando você mais precisar é a informação e a transparência.

Ao ser honesto na contratação, ler sua apólice, cumprir os prazos, documentar os sinistros e seguir os procedimentos corretos, você não apenas evita os erros que levam à negativa, mas constrói uma relação de confiança com sua seguradora. Lembre-se que o seu maior aliado nesse processo é o seu corretor de seguros. Use e abuse do conhecimento dele.

Proteger seu patrimônio e sua família é um ato de responsabilidade. Fazer isso da maneira correta é um ato de sabedoria.

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